domingo, 12 de julho de 2015

Acampamento em Aldán, Espanha

Entre os dias 26 e 29 de junho o Clube de Campismo e Montanhismo do Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura deslocou-se a Aldán, Península de Morrazo, Espanha, para o seu segundo acampamento do ano. Fizeram parte do grupo 19 alunos (do 5º, 7º, 8º, 9º e 10º ano) e 5 professores (incluindo a Diretora do Agrupamento). O transporte foi assegurado pela Câmara Municipal - à qual agradecemos. O acampamento teve lugar no Camping Aldán, junto às praias de Francón e Areacova, na Ría de Aldán. Os dias de campismo foram precedidos de bastante trabalho ao nível da organização e preparação de todo o equipamento e bens alimentares necessários para um grupo de 24 pessoas. Mas, com a ajuda de todos, tudo decorreu com a normalidade desejada.
 
1º dia
 
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Começámos a chegar à escola às 8.30 da manhã de sexta. Teríamos cerca de 2 horas para acomodar toda a carga no autocarro que nos foi disponibilizado. Soubemos, no dia anterior, que se tratava de um veículo mais antigo, com uma capacidade de bagageira muito inferior ao que nos tinha levado a Coimbra, em maio. E da nossa carga faziam parte 20 bicicletas! Também tínhamos previsto levar uma viatura particular para qualquer eventualidade de deslocação em Espanha (e poderíamos dispor ainda de outras duas viaturas, caso fosse necessário).

Tivemos, naturalmente, muita dificuldade em "encaixar" as 20 bicicletas na bagageira pequena do autocarro. Cedo concluímos que poderíamos levar apenas metade (pretendíamos utilizá-las na deslocação ao Cabo Home; decidimos, assim, no momento, que metade do grupo faria o percurso de ida e o outro o de vinda). E vimos logo, também, que necessitaríamos de levar as três carrinhas particulares, com os bancos rebatidos, pois nada mais caberia na bagageira do autocarro para além das bicicletas.
 
 
Mas somos um grupo muito eclético e capaz! Após algumas tentativas e erros, o professor Dinis conseguiu a proeza de acomodar 14 bicicletas naquela bagageira minúscula! Com a ajuda de um grupo de alunos, montaram-se e desmontaram-se bicicletas de modo a fazer a melhor gestão possível do espaço exíguo. E ainda levámos na bagageira as panelas e bacias de que necessitaríamos! E, por uma nesga, quase cabia o nosso "Delfim"!!!
 
E lá partimos à hora agendada: o professor Rui Cardoso à frente, o autocarro em segundo lugar e a professora Celeste Ferreira a fechar a procissão (a professora Paula Fernades, Diretora do Agrupamento, só se juntaria a nós ao final da tarde). Após hora e meia de viagem (o "Tino", o nosso motorista, parecia atemorizado pelo trânsito nos arredores de Vigo), chegámos ao camping Aldán. Era óbvia a ansiedade: para quase todos, era a segunda vez que acampavam e a primeira vez fora de Portugal.


A primeira tarefa consistiu em retirar cuidadosamente as bicicletas do autocarro e tornar a montar as que havia sido necessário "desmembrar". A Sra. Teresa, proprietária do parque, já nos havia reservado uma área sossegada e permitiu-nos "montar a tenda" antes de fazermos o check-in. Mas antes de pormos as nossas magníficas habitações de pé, fez-se uma reunião breve: sentados na relva, em forma de círculo, os membros do clube escutaram umas palavrinhas essenciais do coordenador, o professor Rui: que estávamos ali... e tal e tal... e que, enfim, nos divertíssemos (a parte mais séria do discurso fica no segredo dos campistas)! 


 

Montámos as tendas e todo o equipamento necessário antes de almoçarmos o piquenique que trazíamos de Paredes de Coura: uns panadinhos de perú no pão, batatas fritas e fruta (tudo preparado, com carinho, pelas cozinheiras da nossa cantina).  Como ainda era cedo para nos deslocarmos à praia para um primeiro banho refrescante e merecido, fizemos uma exploração detalhada do parque. E o meio de transporte preferido para o fazer, foi, está claro, a bicileta - felizes da vida!




Por volta das quatro da tarde descemos à Playa de Francón, a uns 400 metros de distância do parque de campismo. Uma paisagem extasiante, a remeter-nos para os guias turísticos de paragens exóticas. Não tardou um minuto e já estavam quase todos a chapinhar! E como estava boa a água! O professor Dinis também não tardou a convocar alguns exploradores para a caça ao mexilhão, enquanto outros se divertiam à sua maneira!


À noite fizemos o primeiro grelhado nas barbecoas excelentes do parque: febras, temperadas durante a tarde, sem sal, acompanhadas de massa com feijão. De entrada, 3 a 4 quilos de mexilhões resgatados das rochas durante a tarde!


Foi durante a preparação do jantar que aconteceu o momento mais inusitado de toda a nossa estada: como alguns dos alimentos tinham ficado no carro da professora Paula, que só pôde chegar ao parque de campismo ao final da tarde, temperámos as febras sem sal, planeando fazê-lo pouco antes de irem à brasa. Quando a Diretora chegou, o professor Rui foi logo à caixa dos alimentos e pegou no saco de sal. Ao temperar as febras comentou para o professor Dinis: “não gosto nada de sal refinado: engana muito; por isso vamos pôr pouco e se for necessário acrescenta-se no fim”. Mais tarde, concluímos que se tratava de açúcar e não de sal!!! (Como tínhamos trazido açúcar em saquetas individuais, não imaginávamos que a D. Lúcia – a chefe da cantina – nos tivesse acrescentado à caixa 1kg de açúcar!). Ainda fomos a tempo de temperar tudo com verdadeiro sal e, podem querer, o jantar estava uma delícia!

2º dia








O 2º dia foi uma estafa maravilhosa! Tomámos o pequeno-almoço e preparámos o piquenique que serviria de almoço: sandes de atum e tomate, fruta, leite achocolatado e bolachas. Arrancámos para o Cabo Home, a 11 quilómetros de distância, onde pretendíamos passar a tarde, na Playa de Melide, com vista para as Islas Cíes. 12 corajosos arrancaram de bicicleta e os restantes em duas das viaturas. Os primeiros 8 quilómetros são em estrada, com subidas e descidas constantes, até Donón, onde as viaturas ficariam estacionadas. Quem partiu de bicicleta fez todo o percurso sobre duas rodas; os restantes 12 membros do grupo fizeram os 3 quilómetros finais a pé, junto à costa abrupta.

O mar aberto da Playa de Melide contrastava com as águas calmas da ria de Aldán: um pouco mais frias mas bastante mais empolgantes. As ondas soerguidas faziam-nos cair sobre a praia aos trambolhões (o nosso primeiro "ferido" foi o Hélder, com uma esfoladela pequena no ventre, de ter sido arrastado pela areia!). Banhos de sol, incursões pelas rochas e caminhadas até aos dois faróis foram outras atividades que ocuparam o tempo de diferentes grupos. Por fim, antes de arrancarmos para o parque de campismo, decidimos que o orçamento permitia pagar um gelado a cada um de nós no chiringuito da praia - na verdade, uma dose de açúcar que iria ser necessaria para a odisseia do regresso.


 


O regresso ao parque foi duríssimo para o grupo de ciclistas, reforçado pela professora Aida Antunes – que fez todo o percurso de volta – e pela Ana e a Inês, que se revesaram. Fez-se uma paragem junto ao Cruceiro do Hío – considerado um dos mais bonitos do mundo e único. A professora Celeste aproveitou o momento para uma breve lição sobre o estilo românico da igreja paroquial (não do cruzeiro, que é mais recente).

 
Para o jantar tínhamos encomendado 11 frangos para churrasco num supermercado local. E assim se fez, para deleite de todos, acompanhado por arroz de pimentos. O professor Dinis e o professor Rui, ajudados pelo João Saraiva, viraram e reviraram os “bichos” gigantescos até que estivessem no ponto para a refrega da mesa.

Para o dia seguinte estava planeado um almoço de tapas num restaurante local, mas sobrou-nos tanto frango que, entre gastar 192 euros orçamentados para esse almoço ou comer uma massa esparguete com o frango desfeado, foi unânime a escolha do segundo menu.

3º dia





Estava previsto que uma das partes deste dia seria "livre", para que cada um fizesse o que mais lhe apetecesse, dentro das opções disponíveis. Mas todos decidimos que seria passado na praia: de manhã, na Playa de Areacova e, à tarde, novamente na Playa de Francón, considerada, por quase todos, a melhor: mais pequena e com a água mais quente.



O final de tarde foi preenchido: começámos por atender o nosso terceiro "ferido", o Rocha, que laureava uma dezena de espinhos na planta e nos dedos do pé das suas andanças pelos rochedos (o segundo tinha sido, durante a manhã, o Saraiva, que se "esqueceu" de calçar sapatilhas para ir dar uns chutos na chicha e "danificou" uma unha)!

Antes do jantar, houve lugar a um encontro de futebol entre a rapaziada mais nova - com dois reforços de maior peso e idade e três aquisições internacionais (das quais se destacava, pequeno e loiro, o guarda-redes germânico Lukas). Nova oportunidade para o intrépido Rocha se destacar, sendo "esmagado" pelo professor Dinis após uma disputa de bola no ar. A ali se deu por terminada a contenda. À nossa espera tínhamos uma salada russa, culminada com uma deliciosa surpresa: um arroz doce quentinho!

 


Ao terceiro dia já todos os alunos estavam imbuídos do espírito de campista: ordem na execução de tarefas; rotinas de trabalho; e até se ouviu, de vários alunos, a frase que todos queríamos ouvir: “professor, é preciso fazer alguma coisa?”.

4º dia


Dia da partida: tempo para desmontar e limpar todo o equipamento, sem pressa, até que chegasse o autocarro, ao final da manhã. Depois de tudo arrumado nos 3 automóveis e no autocarro, fizemos uma fotografia de grupo final, à entrada do parque de campismo.

O balanço final desta atividade não podia ser mais positivo, patente no facto de estarmos todos extenuados – sinal de que todos os minutos foram vividos intensamente.

Ficámos com a certeza de que os nossos jovens interiorizaram a ideia de que as pessoas podem ser divididas entre os que falam e os que fazem. E que vale a pena pertencer ao grupo dos que fazem. Eles fizeram-no: trabalharam o ano todo para adquirirmos equipamento de campismo para o clube e para pagar parte da sua estada em Aldán. E soube tudo muito bem.

Do dinheiro orçamentado para este acampamento em Aldán sobraram 161.00 (7.00 x 23; o João Saraiva irá mudar de escola, pelo que lhe foi devolvido a sua parte), do que estava previsto para o almoço de tapas (8.00, menos 1 euro por pessoa para compra de artigos alimentares necessários para a refeição substituta) + 20.43 do que estava orçamentado para despesas gerais. Portanto, 181.43, que, por decisão de todos, fica guardado para o próximo acampamento.

Para o próximo ano letivo, entre outras atividades, o Clube de Campismo e Montanhismo pretende organizar, pelo menos, mais dois acampamentos: um em Salamanca, com passagem por Foz Côa, (para visitar as gravuras rupestres), em colaboração com o Clube de Leitores da escola; e outro de mochila às costas e de comboio, para sul, possivelmente por alturas de um festival de música de verão. No próximo ano letivo, também, iniciaremos a angariação de fundos para um acampamento de 15 dias pela Alemanha (Baviera) e Áustria, a realizar no final do ano letivo 2016-17. Haja vontade e muito trabalho de todos.